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sábado, 1 de maio de 2010

Fitoterápicos podem fazer mal?

Atualmente o uso de fitoterápicos se tornou muito comum como coadjuvante no tratamento de diversas patologias. Aumentou também o número de profissionais aptos a utilizá-los em seus tratamentos. 
No entanto, para o leigo, muitas vezes estes produtos não são levados tão à sério quanto os medicamentos alopáticos e nem sempre seu uso é relatado aos profissionais de saúde.
Isto é muito perigoso, pois muitos fitoterápicos, homeopáticos e plantas medicinais são capazes de interagir entre si e também com outros medicamentos, podendo haver sérias consequências. Até mesmo os alimentos possuem esta capacidade e conhecer estas possíveis interações é muito importante para o bom tratamento dos pacientes.
Não é bom brincar com a saúde. O uso excessivo, mesmo de um fitoterápico, pode fazer mal ao nosso organismo. Estes produtos normalmente possuem várias substâncias ativas em pequenas doses, sendo sua ação mais suave do que a de uma droga convencional. Sendo os efeitos colaterais bem menores. Mas, eles existem.
Uma interação é a influência recíproca de dois ou mais elementos colocados em contato. Esta interação pode incrementar ou reduzir os efeitos das drogas ou mesmo agravar suas reações adversas.
Entre as principais causas da ocorrência de interações medicamentosas está a prescrição de vários medicamentos para serem tomados ao mesmo tempo pelo mesmo paciente. Segundo estimativas, os casos variam em até 5% para os pacientes que fazem uso de diversos tipos de medicamentos e podem superar os 20% para pacientes que usam entre 10 e 20 tipos de remédios.
Por exemplo, a erva de São João, um antidepressivo natural às vezes chamado de Prozac natural, pode diminuir a concentração sanguínea dos anticoncepcionas. Pode também, potencializar o efeito de drogas como a ciclosporina, etinil-estradiol e digoxina, pois todos se utilizam da mesma via de metabolização hepática: a via do citocromo P450.
Segundo a ANVISA, outras ervas com efeitos anticoagulantes como a gincobiloba, ginseng e alho podem aumentar o risco de sangramento em pacientes que utilizam warfarina ou outros inibidores da agregação plaquetária. A preocupação com o uso indiscriminado de produtos combinados é crescente, pois pode resultar em risco aumentado de interação entre as ervas. Um exemplo é a combinação de efedra, guaraná e Citrus aurantium que pode aumentar o risco de hipertensão, arritmia e acidente vascular cerebral.
Na próxima terça-feira o Dr. Arshad Jahangir, ira publicar uma pesquisa no periódico The Journal of the American College of Cardiology que fala  justamente sobre isto. 
O artigo inclui uma lista de mais de duas dúzias de produtos fitoterápicos com os quais os pacientes devem ter cautela, bem como uma lista de interações comuns entre drogas e ervas. Entre os produtos listados estão ginkgo biloba, ginseng e equinácea, além de algumas surpresas, como leite de soja e chá verde - ambos capazes de diminuir a eficácia da warfarina - e até mesmo babosa (aloe vera) e alcaçuz.
Lembrem-se. todo remédio deve ser tomado com precaução. Por exemplo, nunca se deve ingerir um fitoterápico de forma prolongada e indiscriminada sem uma indicação precisa. Não se deixe levar por modismos, nunca utilize uma planta pouco conhecida ou da qual jamais ouviu falar. E, por fim, desconfie das soluções mágicas, que resolvem todos os problemas de saúde, das plantas milagrosas. Infelizmente, isso é fantasia.
Até mais!!

Referências:
CASTRO, L. Plantas medicinais. Bem Estar. Revista Dieta Já. Disponível AQUI
Discovery Home & Heath. Drogas alternativas e convencionais. Natural e Alternativo. Discovery Networks International. Disponível AQUI
PINHEIRO, P. Interação medicamentosa - anticoncepcionais. MD Saúde. Disponível AQUI
Agência FAPESP. Interações Fitoterápicas. Jardim de Flores. Disponível AQUI
ANVISA. Diagnóstico de hepatite tóxica por fitoterápicos. Informes em farmacovigilância. 2002. Disponível AQUI
The New York Times. Pesquisadores alertam para mistura de ervas e medicamentos. Terra Notícias. 2010. Disponível AQUI

Sobre o Autor:
Marcus Vinícius Pimenta de Ávila É nutricionista formado pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e especialista em Nutrição Esportiva pela Universidade Gama Filho. Trabalha com nutrição clínica e esportiva em Belo Horizonte. Visualizar perfil completo.

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